Uma lista de animais ameaçados de extinção deixa transparecer como uma região trata a própria Fauna. E, mais do que isso, permite direcionar as políticas ambientais para garantir a preservação das espécies vulneráveis. Obrigatória por lei em todas as unidades da Federação desde dezembro de 2011, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), em parceria com pesquisadores, elabora a relação da Fauna do Distrito Federal e de Goiás que corre o risco de desaparecer. O trabalho deve ser concluído ainda neste ano e vai virar decreto distrital e um livro de alerta vermelho. A revisão será feita a cada cinco anos.
Lobo-guará, onça-pintada, tatu-canastra e tamanduá-bandeira são fortes candidatos a entrar para a publicação. Apesar de o levantamento não estar pronto, os coordenadores dos grupos responsáveis pelo trabalho apontam, com base em pesquisas anteriores, que alguns animais se encontram vulneráveis por aqui e no cenário nacional. No DF, há registros de 833 espécies de vertebrados. Do total, 26 estão na relação de risco de extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Para os analistas ambientais do Ibram e responsáveis pelo projeto, Almir Picanço de Figueiredo e Rodrigo Augusto Lima Santos, o estudo pode levar a surpresas ruins e, por isso, reforçam a importância da iniciativa local. “Algumas espécies podem estar fora de perigo ou em situação de vulnerabilidade no restante do país, mas, no Distrito Federal, correr sério risco de extinção”, explicou Figueiredo. Antes de partir para a elaboração da lista de ameaçadas, os biólogos do órgão identificaram todas as espécies registradas no DF.
O professor do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília (UnB) Jader Marinho Filho coordenará o grupo que vai elaborar a lista de mamíferos em risco. “Trata-se de um diagnóstico sobre a Fauna e o conjunto das análises local, regional e nacional que permite o direcionamento de ações de conservação”, afirmou.
O pesquisador adiantou que tem alguns candidatos a figurarem no livro. “O DF é uma unidade pequena em termos geográficos. As onças-pintadas, por exemplo, são avessas a processos humanos de urbanização e, certamente, estão impactadas. Ocorrem em baixíssima densidade, ou quase inexistente. A espécie de roedor Juscelinonys candango só foi coletada na década de 1960 e, somente aqui no DF, com certeza, está criticamente em perigo ou provavelmente extinta”, explicou.
Responsável pelo grupo de anfíbios, o biólogo e professor do Departamento de Engenharia Florestal da UnB Reuber Brandão apontou a importância do livro vermelho. “O trabalho vai ajudar a identificar os problemas de conservação das espécies dentro do DF. Apesar de haver grandes unidades de preservação, a lista pode acender uma luz de alerta para problemas de manutenção da Biodiversidade”, disse. “A lista serve para conservar as espécies e preservar as áreas delas, que são importantes para nós”, completou o professor do Departamento de Zoologia e coordenador do grupo de répteis, Guarino Colli.