A inoperância do Governo de Brasília e a total falta de diálogo com as categorias colocam em risco os serviços essenciais do Distrito Federal para a população.
Lamentavelmente, já estamos acostumados a acompanhar, diariamente, o sofrimento dos cidadãos nas portas dos hospitais, a falta de segurança pública, a péssima qualidade nas escolas e a grande dificuldade de locomoção da população. Agora, esta mesma falta de diálogo ocasionou o vazamento de lodo da ETE da L4 Norte.
Esta substância, oriunda do tratamento do esgoto, tem em sua composição material orgânico (fezes, bactérias e demais) e água. São estes mesmos compostos que causam mau cheiro nas regiões próximas às estações. Existem processos mais modernos de estabilização do lodo, impedindo o odor. Infelizmente, a capital do país ainda não adotou estas tecnologias, sustentáveis e seguras, por falta de investimentos que deixam a Caesb, empresa que no passado nos orgulhou com prestação de serviços de excelência, à mercê de tecnologias de saneamento ultrapassadas e equipamentos sucateados. A companhia encontra-se totalmente dependente da qualidade e do empenho de seus técnicos, quadros que têm sido pouco valorizados por este governo.
O acidente aconteceu na última terça-feira (5), quando foi registrado um vazamento de resíduos de esgoto altamente poluente por cerca de 30 minutos, no Lago Paranoá. O executivo, em toda a sua ineficiência, culpa os servidores. O que me parece uma brincadeira, dada à seriedade das circunstâncias.
Existe um projeto, já em andamento, de reaproveitamento das águas do Lago Paranoá para consumo da população. A gravidade do acontecido dá-se não só pelo impacto ambiental, mas pelo risco iminente à saúde pública.
É imperativo que se tomem todas as providências possíveis para dirimir os danos e evitar que ocorram novos acidentes. Investimentos na Caesb, para a modernização de suas operações e valorização dos seus servidores, são essenciais. É necessário ainda que os órgãos de fiscalização tomem todas as providências cabíveis, apontando culpados e aplicando punições previstas em lei.
Simplesmente colocar a culpa nos funcionários assalariados que reivindicam melhores condições de trabalho é inadmissível. Já passou da hora deste governo assumir suas próprias responsabilidades.
Eduardo Brandão,
Presidente do Partido Verde do Distrito Federal e ex-secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do GDF.