Muito se fala sobre a importância da internet no estímulo a uma maior participação da sociedade na gestão pública e no monitoramento das atividades legislativas, que deveria ter como conseqüência a ampliação do controle social.
Da juventude, atualmente “antenada” com as ferramentas tecnológicas e historicamente crítica, espera-se, mais ainda, a usual atitude de rebeldia positiva que em outros momentos culminou com a mudança de regimes políticos e no quadro de processos e de protagonistas da cena política.
Entretanto, constatamos que a participação dos jovens na construção de um cenário mais promissor para as futuras gerações anda aquém da esperada. Apesar das inúmeras ferramentas que facilitam a atuação política nos dias de hoje, como informações abundantes, diversidade de canais de comunicação e facilidade na gestão de redes de contatos, há muito o que se avançar. Ainda é pouco o que se faz para externar o inconformismo da sociedade perante a classe política e aos gestores públicos.
Não querendo incorrer na inocência e no simplismo de generalizar tal percepção, imagino que parte desse problema deva-se ao sentimento de indignação reprimida perante aos constantes noticiários sobre corrupção, desvio de verbas e favorecimentos, e ao desinteresse do jovem pela tradicional forma de se fazer política. Mais ainda, pelo desconhecimento sobre o que realmente significa ser político e fazer política, ao menos da forma correta como pouco assistimos nos noticiários dos dias de hoje. Aprender, vivenciar e debater são os primeiros passos para uma melhor compreensão e possível envolvimento proativo no tema.
Nesse sentido, a Juventude do PV/DF tem dado um passo importante na disseminação de mecanismos que motivem e facilitem a atuação política. No projeto Jovem Cidadão, estudantes do ensino médio oriundos de São Paulo são recebidos em Brasília para, dentre outras ações, ir ao Congresso Nacional. As atividades contemplam uma visita monitorada à Câmara e ao Senado, onde eles podem melhor compreender a estrutura e as atividades desempenhadas pela Casa Legislativa.
No auge da programação, os estudantes participam de um debate com a Juventude do PV/DF, técnicos da Liderança do PV na Câmara dos Deputados e funcionários da Coordenação de Educação para a Democracia da Câmara dos Deputados, com a parceria da empresa de turismo Cerrado Trip e da Rede Recicle a Política. As salas de comissão, usualmente ocupadas pelos parlamentares e vistas por muitos em fotos de jornais e imagens de TV, cedem espaço aos jovens que podem conhecer e, principalmente, apresentar questionamentos que, ao serem esclarecidos, modificam a percepção sobre a importância da política na vida e no futuro dos cidadãos.
Temas como ética, respeito, cidadania, controle social e mobilização são frequentemente abordados nesses debates. A indagação mais comum apontada após uma visita ao plenário da câmara é a incompreensão sobre a conduta dos parlamentares que não escutam e nem dão atenção aos pronunciamentos de quem está discursando na tribuna.
A falta de entendimento pode causar uma péssima imagem da Casa e da conduta de seus integrantes. Neste caso, costumamos apontar como esclarecimento a necessidade que os parlamentares possuem de mandar seus recados às bases eleitorais nos estados, via Rádio e TV Câmara, ou mesmo de deixar um registro oficial de algum posicionamento.
Num outro momento são apresentados pontos que refletem um pouco do padrão da sociedade – “mas seu eu reclamar, surte efeito?”, ou mesmo “mas eu sou só um!”. Na continuidade das explanações podemos mostrar algumas novas formas de se fazer política, como mobilizações que produziram resultados (ex: Lei da Ficha Limpa) e as ferramentas de internet, como chats, o “fale com o deputado”, grupos de discussão e comunidades, disponíveis no campo “participe” do site da Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br).
Com essa atividade, temos constatado que o conhecimento vivencial, prático e o debate franco estimulam a atuação política. Adotando a linha pedagógica proposta, a experiência vivida serve, ainda, como um importante estímulo à continuidade do debate em diferentes disciplinas da grade curricular.
Espera-se que, ao passar pela experiência legislativa, o jovem possa exercer sua cidadania no seu ambiente escolar, nos Centros Acadêmicos e nos Diretórios Centrais de Estudantes, importantes incubadoras de futuros parlamentares, além da atuação em movimentos, redes e outras organizações. Esperamos, mais ainda, poder ampliar a proposta de atuação aos demais núcleos da juventude verde nos estados.
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