O último debate realizado com postulantes ao governo do DF, antes do primeiro turno das eleições, foi marcado por embates e polêmicas entre os dois candidatos
Na noite dessa terça-feira (27), Leandro Grass participou do debate realizado pela Rede Globo, em Brasília, com os postulantes ao governo do Distrito Federal. O candidato da Federação Brasil da Esperança e o atual governador em campanha pela reeleição, Ibaneis Rocha, se envolveram nos principais embates e polêmicas do último encontro realizado antes do primeiro turno das eleições, que ocorre no próximo domingo, 2 de outubro.
Leandro Grass — que é professor e pesquisador em políticas públicas — criticou a atual gestão logo no início do debate, ao comentar as acusações de corrupção que pesam sobre a equipe de Ibaneis. Em resposta, o governador criticou o que chama de ataques constantes, acusou Leandro de “fazer a campanha mais suja da história do DF”, e disse que faz “política sem rancor” — porém, sem dar resposta às criticas realizadas.
“Como deputado distrital, conheci várias experiências em gestão pública, fui a todos os hospitais, aos Centros de Referência de Assistência Social. Tenho experiência, conheço a cidade e estou preparado para governar o DF. Mas, para isso, vou montar o melhor time de secretariado e terei ao meu lado a vice-governadora Olgamir Amancia — que já foi Secretária da Mulher. Jamais vou escolher, como fez Ibaneis, uma pessoa que foi presa por organização criminosa”, afirmou.
Na oportunidade, o candidato citou o caso do ex-secretário de Saúde, Francisco Araújo, preso, em 2020, numa operação por causa do superfaturamento de R$ 30 milhões na compra de testes de covid-19.
Ao ser questionado, pelo candidato Paulo Octávio, sobre o tema das privatizações e das parcerias público-privadas (PPP), Leandro defendeu a atuação conjunta do poder público com a iniciativa privada, mas criticou, novamente, as iniciativas do atual governador.
“Em 2018, Ibaneis disse que não privatizaria a CEB e, traindo a população, a entregou a preço de banana para satisfazer alguns empresários. Eu fui contra a privatização da CEB, porque sou contra entregar empresas estratégicas, como também é o caso da Caesb e do Metrô. Hoje, por exemplo, choveu de novo e acabou a luz em Entrelagos, no Itapoã. Antes, a CEB era a melhor empresa pública de energia do Centro-Oeste. E o Ibaneis privatizou e disse que dava prejuízo. Foi um verdadeiro estelionato eleitoral”, acusou.
Ao abordar o tema Saúde, o candidato destacou a importância da Atenção Básica e do programa Saúde Perto de Casa. Ele também afirmou que vai valorizar a carreira dos profissionais da área. “Vamos levar a saúde para perto das pessoas, para que uma mãe não tenha que sair de Planaltina para consultar o filho no Plano Piloto. Vamos fazer políticas para atrair novos médicos, unificar sistemas fatiados, além de discutir a carreira dos médicos do DF”, destacou.
“Ideologia de gênero não existe”
“O senhor é a favor da ideologia de gênero”, provocou o candidato Coronel Moreno, ao abordar a pauta de costumes, tão ao gosto de grupos conservadores. A resposta de Leandro Grass foi direta e sem rodeios.
“A ideologia de gênero é uma invenção para colocar terror nas famílias. Sou professor e esse tema não consta na literatura, não faz parte do trabalho pedagógico. O que precisa ser discutido, mesmo, é mais educação, educação integral, formação, reconhecimento e aumento de salário dos professores do DF”, criticou Leandro.
Em relação à Educação, o candidato de Lula no DF avisou que pretende criar um grande ecossistema de parcerias para incentivar a ciência, a tecnologia e a inovação. Ele lembrou as boas universidades que existem na região e defendeu as startups locais. “Vamos investir para criar novas empresas e polos de ciência”, informou.
Leandro Grass ressaltou que irá combater, de forma radical, a grilagem de terras e analisou quais são as principais vítimas desse crime. “A população mais carente é a principal vítima do crime de grilagem, porque o DF não tem uma política de habitação séria. Eu, por exemplo, já acompanhei a derrubada de casas de pessoas que sequer foram notificadas”.
Ao final do debate, Leandro Grass voltou a criticar Ibaneis, depois que ele comparou os casos de feminicídio aos suicídios e defendeu que não sejam divulgados. “Além de não agir para combater o feminicídio, Ibaneis diz que a notícia sobre o crime incentiva novos casos. A culpa é do agressor e ponto, não é da vítima. A notícia ajuda a alertar a população e incentiva a mulher a fazer a denúncia da violência para que o caso não vire morte”, defendeu.
“Deixo uma reflexão para quem vai votar no próximo domingo. Será que a cidade está legal? O transporte está bom? O ônibus quebra na metade do caminho? A saúde está boa? Tem creche para seus filhos? É essa a cidade que você quer nos próximos 4 anos?”, concluiu.